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quarta-feira, 8 de outubro de 2025
A Revolta Silenciosa:
Um Grito de Indignação por Portugal e pela Europa
Acordamos todos os dias sob o peso de uma normalidade insuportável. Em Portugal, a terra que nos pintam de brandos costumes e de sol ameno, a realidade é uma bofetada de luva branca. Uma em cada cinco pessoas vive no limiar da pobreza ou da exclusão social. Olhem à vossa volta. Nos prédios espelhados dos centros urbanos, nas esplanadas repletas de turistas, esconde-se a vergonha de um país que condena os seus a uma vida de precariedade.
As nossas cidades, outrora lares, são agora montras para investidores estrangeiros. O preço das casas aumentou 124,4% desde 2015, uma escalada vertiginosa que nos expulsa das nossas próprias comunidades. Jovens, velhos, famílias inteiras são empurrados para as margens, para uma vida de incerteza em quartos sobrelotados ou em casas que não conseguem aquecer. Enquanto isso, o governo anuncia com pompa e circunstância um crescimento económico que não chega à mesa de quem trabalha.
E quando a saúde nos falha, o que nos resta? O nosso Serviço Nacional de Saúde, outrora um pilar da nossa democracia, agoniza. Em 2023, o número de utentes sem médico de família atribuído aumentou para 1,7 milhões. As listas de espera arrastam-se, as urgências colapsam e quem pode paga o que não tem por um vislumbre de cuidado no setor privado. Esta não é a herança de Abril que nos prometeram.
A corrupção, esse cancro que corrói as fundações da nossa sociedade, continua a grassar. Nomes sonantes de banqueiros e políticos desfilam pelos tribunais em processos que se arrastam por anos a fio, enquanto a justiça para o cidadão comum é célere a executar penhoras e despejos. A impunidade dos poderosos é um insulto a quem cumpre as suas obrigações e luta por um futuro digno.
E que não nos digam que somos um caso isolado. A Europa, o nosso farol de esperança, está a vacilar. O aumento do custo de vida é uma epidemia que se alastra de Atenas a Dublin, de Lisboa a Varsóvia. A crise da habitação não é uma exclusividade portuguesa; é uma realidade brutal para milhões de europeus.
Ao mesmo tempo, assistimos, atónitos, à ascensão do discurso do ódio. A extrema-direita, com as suas soluções fáceis e os seus bodes expiatórios de serviço, ganha terreno em parlamentos por todo o continente. Alimentam-se do descontentamento, da frustração de quem se sente abandonado pelas elites políticas e económicas. E a resposta da Europa? Uma crise de democracia, um recuo nos direitos e liberdades fundamentais, uma aposta em políticas de imigração que criminalizam a busca por uma vida melhor.
Em Portugal, o governo acena com uma "imigração regulada e humanista", mas o que vemos nas ruas é a exploração de seres humanos em trabalhos precários, a viver em condições desumanas. A vulnerabilidade da população estrangeira, como cinicamente a apelidam os relatórios, é a outra face da nossa própria pobreza e desigualdade.
Basta de silêncio. Basta de aceitação passiva. A indignação que sentimos não é um fogo-fátuo; é a chama da justiça que teima em não se apagar. Exigimos o direito a uma habitação digna, a um serviço de saúde que nos cuide, a uma justiça que seja igual para todos. Exigimos um futuro onde os nossos filhos não sejam forçados a emigrar para encontrar a dignidade que a sua própria pátria lhes nega.
Que a nossa indignação se transforme em ação. Que as ruas se encham com a nossa voz. Que o medo dê lugar à coragem. Porque a história não é escrita pelos que se resignam, mas pelos que se levantam. E nós, cidadãos de Portugal e da Europa, recusamo-nos a ficar de joelhos.
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