aquário
sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
Pequenas lutas
Trabalhei tanto
que as mãos já não sabem descansar
e a alma aprendeu a vigiar a esperança
como quem guarda uma chama ao vento.
Dizem-nos para nos reinventarmos.
O Presidente disse.
O mundo repete.
Mas quantas vezes pode um homem reinventar-se
sem se perder de si?
Eu já me reinventei no silêncio,
na falta,
na queda.
Reinventei-me quando não havia palco,
quando a arte era apenas um murmúrio
encostado à parede do dia.
Luto todos os dias.
Não por glória —
mas por dignidade.
Venço pequenas batalhas:
um dia pago,
um gesto reconhecido,
uma ideia que não morre.
São vitórias discretas,
essas que não saem nos jornais
mas sustentam a vida.
Esta guerra parece não ter fim.
Não tem bombas,
tem cansaço.
Não tem inimigos visíveis,
tem ausências.
É uma guerra interior,
onde resistir já é um ato criativo.
E mesmo assim continuo.
Porque sei que cada passo,
por mais curto que seja,
é um não dito ao abandono.
Porque sei que a arte não nasce da facilidade,
mas da insistência.
Se o fim não se vê,
que ao menos o caminho seja verdadeiro.
E se a reinvenção já cansa,
que reste isto:
não desisti de ser quem sou.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Seja bem vindo ao meu blog. Recebo a todos no fundo do meu coração, com muita estima e consideração!